ABOLIÇÃO INCOMPLETA, RESISTÊNCIA EM PINHÕES E A FÉ DOS PRETOS VELHOS À FÁTIMA

No momento, você está visualizando ABOLIÇÃO INCOMPLETA, RESISTÊNCIA EM PINHÕES E A FÉ DOS PRETOS VELHOS À FÁTIMA

O 13 de maio carrega marcas profundas da nossa história e espiritualidade: um país que aboliu a escravidão sem reparar seus efeitos, e uma cidade onde fé e resistência seguem entrelaçadas.

Nesta segunda-feira, o Brasil relembra os 137 anos da assinatura da Lei Áurea, em 1888. Mas em Santa Luzia, a data não é apenas um marco histórico — é também um grito por reparação, memória e respeito às comunidades quilombolas, especialmente no Quilombo de Pinhões, a 15 km do centro da cidade.

📜 ABOLIÇÃO SEM REPARAÇÃO

A Lei que libertou cerca de 700 mil pessoas em todo o país não trouxe terra, trabalho ou dignidade para os ex-escravizados. Santa Luzia, com sua origem como entreposto comercial no Ciclo do Ouro, também construiu sua economia com base na exploração da mão de obra escravizada.

Pinhões, reconhecido pela Fundação Cultural Palmares, é exemplo da resistência negra pós-abolição. Seus moradores — descendentes diretos de escravizados que trabalhavam nas terras ligadas ao Mosteiro de Macaúbas — ainda lutam pela titulação definitiva de suas terras e pela preservação de espaços sagrados como o Cemitério dos Escravizados, tombado em 2008.

📍 PINHÕES: HISTÓRIA VIVA E DESAFIOS ATUAIS

A Capela de Nossa Senhora do Rosário e a Festa do Rosário mostram a força cultural da comunidade. Mas a ausência de regularização fundiária e o risco de impacto de obras públicas sobre o cemitério revelam que a abolição, em muitos sentidos, ainda não se completou.

É urgente que a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (@smdu_santaluzia) avance nas políticas de regularização fundiária. Que a Secretaria de Cultura (@smctsantaluziamg) amplie a valorização do patrimônio imaterial. Que a Secretaria de Educação (@smedsantaluzia) intensifique o ensino da cultura afro-brasileira em sala de aula. E que a Câmara Municipal de Santa Luzia (@camarasantaluzia) proponha legislações que reconheçam essa herança como prioridade política e histórica.

📿 ENTRE FÁTIMA E PRETOS VELHOS: FÉ QUE RESISTE

O dia 13 de maio também é data de profunda fé. Os católicos celebram Nossa Senhora de Fátima — cuja aparição ocorreu em 1917, em Portugal. Já os terreiros de umbanda homenageiam os Pretos Velhos — entidades espirituais que simbolizam sabedoria, acolhimento e ancestralidade negra.

Em toda cidade gira-se para os Pretos Velhos com muito respeito e gratidão. Muitos terreiros associam Fátima a Oxum ou Nanã, em uma fusão que é mais do que sincretismo: é espiritualidade negra sobrevivendo ao apagamento.

🖤 POR UMA LIBERDADE PLENA

O 13 de maio não deve ser comemorado com romantismo. Não houve princesa salvadora. Houve luta. Houve quilombo. Houve fé.

Em Santa Luzia, essa data precisa ser lembrada como oportunidade de reparação histórica. E a Mute TV acredita que a valorização de territórios como o Quilombo de Pinhões, o incentivo ao turismo de base comunitária e o reconhecimento da cultura afro-brasileira são caminhos concretos para a geração de renda, preservação da memória e avanço da justiça social.


📢 Que o 13 de maio seja dia de memória, resistência e compromisso com o futuro. Que Fátima abençoe. Que os Pretos Velhos iluminem. Que Santa Luzia não feche os olhos para sua história.

#13DeMaio #AboliçãoSemReparação #Pinhões #PretosVelhos #NossaSenhoraDeFátima #SantaLuziaMG #CulturaAfroBrasileira #ResistênciaNegra #MuteTV